A Carta Capital noticiou, como deveria de ser, a últimapesquisa datafolha com as intenções de voto para a disputa do planalto:
exaltando o “fato novo” nos resultados, ou seja, o empate técnico entre Aécio e
Dilma num possível segundo turno. Esse resultado é muito bom para o
presidenciável tucano, que agora pode, entre outras coisas, tentar atrelar a alta
rejeição da presidente Dilma à necessidade de mudança democrática no país.
Mesmo sendo conhecidamente uma revista de esquerda e ter
declarado apoio a reeleição da Dilma antes mesmo da corrida eleitoral oficial,
a Carta Capital deu um exemplo de jornalismo sério e noticiou o resultado da
pesquisa destacando, inclusive no título, a vantagem “moral” que o
ex-governador mineiro ganhou com o segundo turno, já que as intenções de votos
do primeiro continuaram estáveis e sem alguma mudança significativa.
Sempre quis escrever um texto assim, de argumentar a favor da boa qualidade da Carta Capital (afinal, sou assinante da revista e a leio com muito prazer). Época de eleições intensifica o debate político e aumenta a participação de toda a população nas discussões acerca do cenário social, econômico, midiático entre outros. Todavia, a entrada de mais cidadãos nas argumentações angariam pessoas com baixo interesse na política e que acabam tendendo para um debate superficial e, principalmente, pautado pelas grandes mídias. Veículos esses, que representam interesses de uma classe que espera ter cada vez mais poderes, a elite.
Um exemplo de argumento superficial é utilizado para defender a Veja. É muito comum escutar ou ler a justificativa para os ataques da revista da editora Abril como “faz parte da ideologia! Pegue a Carta Capital, por exemplo, que é pró governo...”. Comparar as duas mídias por causa de “ideologia” na verdade nada contribui para o bom debate, ao contrário, atrapalha a visão coerente dos fatos.
Em primeiro lugar, a Veja não tem posição definida, como a CC.
Ela não vai a público se manifestar diretamente sobre ser de direita ou mesmo
sobre seu candidato preferido e essa covardia é uma das marcas da sujeira do
veículo. Em segundo lugar, os indícios que a editora Abril é fortemente
financiada pelo lobby de diversos
tipos traduzem que a “ideologia” da revista provavelmente é a de “quem pagar
mais leva”. E como a elite maioritariamente
é oposição, a Veja (e a grande mídia em geral) acaba gastando forças, até
demais e sem escrúpulos, para criticar e atacar o governo. Por último, e aqui vai
um exercício para quem duvidar do que escrevo, é bem tranquilo achar critica ao
PT na CC, entretanto é praticamente impossível achar elogios ao partido dos
trabalhadores na Veja (podem procurar).
É fácil observar a verdadeira ética jornalística quando se entende e se acompanha de perto os fatos políticos no país. Quem não é de esquerda, obviamente, tem todo o direito de não concordar com as opiniões e os editoriais da CC, contudo, deve-se fazer muita vista grossa para não enxergar o quão antiética a Veja se comporta quando ataca o governos sistematicamente.
P.s. Não se pode esquecer a vergonha que foi o Jornal
Nacional omitir descaradamente a subida da Dilma nos últimos meses e agora que
a presidente "caiu"(oscilou na margem de erro) e a o Aécio cresceu no
segundo turno inventou uma desculpa muito esfarrapada para mostrar os números. Incrível...
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