sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eduardo Campos no roda viva foi a velha nova política

Pré candidato à presidência pelo PSB, o neto de Miguel Arraes pouco acrescentou ao debate da corrida ao planalto de 2014.

 

Logo no começo do primeiro bloco, o ex-governador do Pernambuco falou da necessidade existente de uma nova política no nosso país e ainda se mostrou uma via para tal feito. Palavras promissoras e que até empolgam, o que fez a minha frustração com Campos ser ainda maior ao final de um dos programas de entrevista mais populares do Brasil.

Comandado pelo péssimo Augusto Nunes (que representa muito bem a revista a qual escreve), o Roda Viva do dia 26/05/2014 não acrescentou muita coisa na disputa eleitoral desse ano. Muito disso se deve a postura extremamente conservadora de Eduardo, que teve um discurso muito parecido com o da Marina em 2010: somos uma terceira via e reconhecemos erros e acertos do PSDB e do PT, ou seja, vamos ficar em cima do muro e pegar votos de quem, a priori, não gosta de nenhum dos dois partidos.

Além de apresentar a mesma postura da ex-senadora, Campos ainda usou e abusou de bandeiras velhas do jogo político: elogiou a imprensa (deu nojo!!);  falou em cortar pela metade os ministérios; criticou as políticas de taxa de juros, inflação, impostos e crescimento, sem ao menos explicar como vai melhorar ou mesmo como elas funcionam; e falou em não ter coalizão com os "cacifes" do velha política brasileira. Essa última afirmação é tão fora de realidade que com menos de uma hora o entrevistado se contradisse numa pergunta da representante do jornal Valor Econômico - Maria Cristina Fernandes (a atuação que salvou o Roda Viva, como bem destacou o Paulo Nogueira do DCM).

O que também se pode observar no programa, foi uma postura recuada de Campos com relação ao ex-presidente Lula (o que indignou alguns entrevistadores especialmente Nunes que se prestou à um papel ridículo), e o senador Aécio Neves. Com isso, Eduardo concentrou toda sua artilharia em Dilma, com críticas pertinentes, como as alianças nacionais do PT, e outras oportunistas e eleitoreiras - certa hora ele fala que o PSB vai manter os bons níveis de emprego, mas no último bloco ele fala que a população está preocupada demais com o desemprego.

No geral, Campos me decepcionou. Ficou clara a tática dele, provavelmente em conjunto com Aécio, de tirar o máximo de votos da Dilma agora (no começo da disputa) para depois, já na reta final - "as eleições só começam depois do sete de setembro" - disputar com o tucano quem vai para o segundo turno. Eduardo tem boa retórica e bom conhecimento político, poderia trazer para a eleição debates realmente novos e pertinentes mas preferiu jogar o velho jogo. Sendo assim, pelo caminho que as eleições estão trilhando, com Aécio abraçando de vez o conservadorismo e Campos no mesmo "blá blá blá" da Marina, acho que teremos uma disputa muito parecida com 2010. Em termos da eleição em si, quem ganha com isso é o partido dos trabalhadores, que vai jogar um formato de campeonato no qual é tricampeão!


P.s. o melhor do roda viva é ver o desespero do Augusto Nunes para difamar o Lula. Ali podemos ver bem o ódio que ele, e provavelmente a própria Veja, nutre pelo nosso ex-presidente.